quarta-feira, 30 de outubro de 2013

You are invited to say/write something about those two ideas:
 
Man is a not a solitary animal, and so long as social life survives,

Self-realization cannot be the supreme principle of ethics.

Bertrand Russell

 

 

A great many people think they are thinking

When they are merely rearranging their prejudices.

William James

2 comentários:

  1. O Homem é um ser livre e eminentemente social. A tribo, a família, a sociedade e o Estado são manifestações dessa sociabilidade.
    De acordo com a conceção naturalista da sociedade, a sua origem fundamenta-se na tendência natural e na necessidade inata do Homem para conviver com os pares de modo a colmatar as suas carências e a desenvolver as suas capacidades e personalidade, realizando-se como pessoa. Paralelamente, a vida em sociedade garante ao ser humano a subsistência e a preservação da sua espécie.
    Mas, para manter a harmonia e o equilíbrio da vida social, é essencial a existência de uma ordem social e de um sistema que compreenda determinadas regras que orientem o comportamento humano e organizem essa sociedade.
    A atual sociedade rege-se pelo sistema da democracia liberal, sendo este um modelo de organização social, económica e política. De acordo com Cabral (2001) “a vitória liberal significa, de alguma maneira, o triunfo da liberdade, ou de uma conceção da liberdade, como valor prioritário” ao defender a capacidade de escolha de cada ser humano, gozando, por isso, do sentido pleno de cidadania, isto é, como cidadão dotado de direitos e deveres (Cabral, 2001: 123).
    Contudo, o capitalismo liberal prende também valores que invocam à responsabilidade social, como por exemplo a liberdade e a igualdade de oportunidades.
    Efetivamente, cada pessoa tem o direito à autodeterminação, liberdade de escolha de valores e opções de vida, tendo apenas como limite não lesar os direitos dos restantes seres humanos.
    É certo que a democracia liberal assenta no valor supremo da liberdade, mas esta só tem sentido se forem respeitados todos os condicionantes que, muitas vezes, influenciam o exercício deste valor, como é o caso das privações económicas.
    Assim, a responsabilidade deve ser um imperativo ético que tem de ser assumido coletivamente pela sociedade, pois esta solidariedade acabará por promover a tão apreciada liberdade (Cabral, 2001).
    A essência da responsabilidade tem uma dimensão social na medida em que implica a preocupação e o compromisso com o seu semelhante. Nesta ótica, justifica-se que a autorrealização não poderá ser o princípio supremo da ética.
    É imperioso superar a lógica do “homem do miradouro” e ver a questão na sua íntegra, ou seja, ir ao locus do problema e responsabilizarmo-nos pelas nossas ações ou omissões.
    Análogos ao valor da vida, a liberdade, a responsabilidade e a reciprocidade são considerados valores com especial relevância, estreitamente relacionados com a dignidade e valor da vida humana.
    Efetivamente, estes valores éticos constituem um desafio à natureza humana, conferindo ao ser humano uma existência plena e viabilizando uma construção e reconstrução em permanente interação social.
    É neste ponto, ou seja, a questão da nossa construção, que o outro assume especial importância, no sentido em que todos estes valores dão significado à dimensão mais humana do ser que se traduz pela dimensão da partilha, o sentimento recíproco do que somos e do que refletimos, a empatia mediante a compreensão do outros, a partilha de sentimentos e a responsabilidade intersubjetiva, enfatizando a construção em conjunto.

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  2. De acordo com Katz e Braly (1935), “os estereótipos são crenças que nos são transmitidas pelos agentes de socialização (os pais, a escola, os meios de comunicação social, etc.)”, ou seja, baseiam-se em critérios construídos na sociedade, em interação com os pares, num determinado contexto histórico e cultural.
    E se por um lado a palavra “preconceito” está conotada de significados profundamente negativos, principalmente quando reflete distinções no comportamento ou formas de discriminação ligadas a caraterísticas como o género, a raça, a idade, o estatuto socioeconómico, a classe profissional, entre outras categorias, por outro, assume uma função essencial para a vida social, uma vez que essas crenças socialmente construídas acabam por representar e definir uma imagem, uma relação que se estabelece ou o próprio sistema de valores. Nas palavras de Tajfel (1969), “trata-se de garantir uma coerência, (…) uma identidade social” que certamente vai distinguir uma sociedade, uma estrutura, um grupo, um simples pensamento.
    Com o fenómeno da globalização, o mundo ficou interligado, aproximando as pessoas e as culturas entre si. Porém, é imperioso salientar os objetivos que estiveram na base desta globalização, isto é, o desejo de aproximar o mundo e de o agregar numa “teia global” para que, todos juntos, possam reconstruir um mundo diferente em que as futuras gerações não sejam sacrificadas pelos erros que os antepassados cometeram não poderá, por nenhum motivo, desrespeitar os princípios estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem, sob pena de se tornar esmagador.
    Assim, para que todos consigam conviver harmoniosamente e sem conflitos, os ditos preconceitos não podem ser utilizados como uma forma de represália, de censura e de estereótipo, mas sim como um desafio ao qual o ser humano se coloca a si próprio no sentido de se adaptar constantemente a novas formas de viver e olhar o mundo e principalmente de ser tolerante com o seu semelhante.
    Ao refletir sobre a sociedade atual e principalmente sobre a questão dos preconceitos e discriminação lembrei-me, quase automaticamente, de um filme que aborda explicitamente estes assuntos. “Crash”, de Paul Haggis, permite-nos fazer uma analogia à colisão de valores, conceitos, crenças e julgamentos numa sociedade com pessoas de diferente classes sociais, raças, etnias e religiões, que se cruzam em determinados momentos das suas vidas e é nesse momento que todos os seus preconceitos entram em estado de “colisão”. Como resposta a este choque, os protagonistas adotam uma mesma postura: distanciam-se!

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